Da reação internacional aos commodities: como vestibulares podem abordar tarifaço de Trump

  • 24/10/2025
(Foto: Reprodução)
Trump anuncia tarifas recíprocas REUTERS/Carlos Barria O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a diversos países gerou uma Guerra Tarifária global em 2025. O assunto, recorrente na mídia, pode aparecer em questões de vestibulares como o da Unicamp, Fuvest e Enem. Para a professora de geografia e atualidades Rafaela Locali, do Colégio Oficina do Estudante, as tensões econômicas internacionais tendem a ser cobradas a partir de conceitos-chave que merecem atenção especial nos estudos, como, por exemplo: geopolítica; globalização; protecionismo alfandegário; liberalismo econômico; relações comerciais entre os países; blocos econômicos como o BRICS. “São grandes as apostas de cair esse tema nas provas [...] Porque de fato mexeu com o mundo todo e teve grandes impactos no Brasil”, afirma a professora Rafaela Locali. “Podem aparecer [questões] relacionadas às estratégias de reorganização na cadeia de suprimentos e produção globais, à medida que as elevadas tarifas impostas pelos EUA forçaram novos acordos bilaterais com outros países e mesmo novas negociações com o próprio EUA”, completa. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Ponto de partida A professora destaca que é necessário conhecer o contexto da Guerra Tarifária, que tem como marco inicial o dia 2 de abril deste ano, chamado por Donald Trump como o “Dia da Libertação”. Foi nessa data que o presidente norte-americano anunciou um conjunto de tarifas, chamadas por ele como 'recíprocas', a 185 países do mundo. “Ele falava que os Estados Unidos ia se libertar das ‘perseguições econômicas’, das ‘injustiças econômicas’ que os países do mundo faziam com os Estados Unidos. E ele resolveu taxar todo mundo, chamou isso de tarifas recíprocas. Então, quando um país taxava, ele taxaria de volta. O que não foi bem verdade, né?”, lembra. O resultado foi uma grande desestabilização econômica que causou insegurança global, pois “os países não sabem mais como agir”, enfraquecendo inclusive órgãos como a Organização Mundial do Comércio (OMC). “Isso é outro ponto que pode aparecer nas provas. O papel da OMC nessas relações e como o tarifaço do Trump mostrou uma fragilidade dessa importante organização”, diz. Reação mundial e países para estudar Mapa do tarifaço: veja países mais e menos afetados com novas taxas dos EUA Segundo a professora, o cálculo apresentado pelo presidente Trump nunca ficou claro. Alguns países que taxavam os EUA não foram taxados, enquanto outros, como o Brasil, que inclusive apresentava um histórico maior de compra do que venda, receberam altas taxas. Por isso, entender o conceito é essencial para não confundir a guerra tarifária com sanções ou embargos econômicos. 🌎 Entenda a diferença: a Guerra Tarifária ocorre quando um país impõe tarifas sobre produtos importados com o objetivo de proteger sua economia. Já as sanções e embargos envolvem punições políticas e geopolíticas. Levando esses aspectos em consideração, a dica é estudar como cada país foi impactado e qual a sua reação. Entre os destaques: União Europeia, no início foi taxada com 30%, depois caiu para 15%. Mas teve que fazer um investimento de US$ 550 bilhões nos Estados Unidos; Japão: taxado por quase 30%, em negociação bilateral caiu para 15% com mais investimentos do Japão no país; Coreia do Sul: sofreu uma negociação semelhante à do Japão; Reino Unido: fez negociações bilaterais; China: a maior guerra comercial declarada dos Estados Unidos; Índia: taxada com 50%. A justificativa é que o país compra petróleo da Rússia, país que Trump não quer ver se beneficiar devido à guerra da Ucrânia. Como resultado, o mundo passou a buscar novas alianças, novos mercados começaram a ser construídos para que nenhum país continue tão dependente dos Estados Unidos. “As reações dos países são diferentes e revelam a dependência do mercado americano e a dificuldade de encontrar outros compradores, ou, no caso da China, de retaliar com taxas recíprocas, uma vez que é o único país que tem condições de fazê-lo”, comenta a professora. “As provas podem perguntar sobre conceitos chave do comércio internacional relacionados a esse ponto, como Protecionismo alfandegário, blocos e grupos de cooperação econômica, bem como a globalização que permite a disseminação de etapas produtivas e de consumo em escala global.” E o Brasil? Locali lembra que, no caso brasileiro, o episódio teve contornos ainda mais complexos, pois além das questões econômicas, ocorreram misturas do campo ideológico e de políticas domésticas do Brasil. “Muitos especialistas têm falado que esse tarifaço que o Brasil sofreu é quase uma sanção econômica. Porque quando o Trump mandou uma carta em julho para o presidente Lula, ameaçando taxar o Brasil em 50%, a gente já estava com uma tarifa de 10%”, explica. Além disso, ela ressalta que, mesmo após negociações e a diminuição ou isenção de alguns tributos, outros produtos continuaram com as taxas de 50%. Isso já impactou a economia brasileira em R$ 62 bilhões. 🥩 Produtos que continuaram com as taxas de 50% (e que vale a pena estudar): café, o Brasil é o maior produtor mundial; carne bovina; pescado; frutas lá do vale do Rio São Francisco. 🍊 Produtos que ficaram de fora e que são uma parcela importante do nosso PIB: laranja; aviação; aço; alumínio; ferro; petróleo. “É importante que o candidato tenha segurança em saber quais produtos o Brasil mais exporta, pois esse é nosso principal papel na DIT [Divisão Internacional do Trabalho], ou seja, de fornecedores de commodities. São eles: soja, carne bovina, celulose, ferro e alumínio, petróleo e derivados, laranja, café, pescado e aviação. Em resumo, são produtos primários, que impactam na cadeia produtiva.” Infográfico - Entenda taxa de 50% anunciada por Trump ao Brasil e a relação econômica com os EUA. Arte/g1 Não foi a primeira vez A professora Rafaela Locali cita outro tarifaço, o Smoot Hawley, do século XX, definido por ela como “a cara da Unicamp”. Trata-se de um decreto feito pelo presidente Herbert Hoover, em 1930, que impôs taxa de 40% sobre todos os produtos importados. A intenção era proteger o mercado e as indústrias do país para enfrentar os prejuízos da Queda da Bolsa de Nova York em 1929. No entanto, o projeto “foi um tiro no pé” e acabou conhecido como um “grande erro econômico da história”, pois não aumentou o emprego e nem aqueceu a economia, “Deu muito errado. O país mergulhou ainda mais na profunda recessão que foi a crise de 29”, conta a professora, que aponta o caso como um possível assunto na prova. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/educacao/noticia/2025/10/24/da-reacao-internacional-aos-commodities-como-vestibulares-podem-abordar-tarifaco-de-trump.ghtml


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