Famílias Acolhedoras: adesão ao programa diminui em Campinas, apesar da demanda crescente
29/10/2025
(Foto: Reprodução) Adoção, apadrinhamento e acolhimento familiar: entenda as diferenças
Atualmente, 466 crianças e adolescentes vivem em abrigos em Campinas. Apesar dos esforços da prefeitura de Campinas em aumentar o número de famílias acolhedoras que possam oferecer um lar provisório a essa crianças e adolescentes, o número de interessados vem caindo ao longo dos anos.
🔍 Ao todo, o município tem capacidade e orçamento para atender 40 famílias voluntárias, mas apenas 21 estão cadastradas do projeto, sendo que 14 estão acolhendo as crianças.
No ano passado, eram 22 famílias cadastradas. Segundo a administração pública, o programa já chegou a ter lista de espera para cadastro em anos anteriores. Em reportagem de 2024, o g1 mostrou que a administração pública tinha a meta de completar a cobertura do programa (leia aqui).
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Já o número de crianças e adolescentes em abrigos vem aumentando desde o ano passado. Entre janeiro e outubro de 2025, 498 crianças foram atendidas. No mesmo período de 2024, foram 475 crianças.
No primeiro quadrimestre deste ano, os abrigos chegaram a a ficar superlotados, como mostrou essa reportagem do g1.
A pesquisadora da Unicamp especialista em políticas públicas, Jane Valente, ressalta a improtância do afeto e da conexão que as famílias acolhedoras podem trazer a essa crianças e adolescentes.
"A criança que não teve o apego ou que viveu situações de trauma constante nas suas vidas, ela tem muito receio do apego. O adulto cuidador precisa saber cuidar desta criança, dessas atitudes, para que ela possa se abrir. Se ela aprender a fazer isso, ela terá isso para o restante da vida", explica Valente.
🏠O que é ser uma família acolhedora?
O serviço propõe que grupos familiares acolham em suas residências crianças e adolescentes de 0 a 18 anos incompletos, afastados dos país e responsáveis em função do abandono, ou da impossibilidade destes de cumprir suas funções de cuidado e proteção.
A estadia pode atingir até um ano e meio, e pode ser prorrogado. A família acolhedora recebe uma bolsa auxílio de R$ 1.327,49 mil por criança, com um teto de 3 bolsas o acolhimento de mais de 3 crianças.
Uma questão importante é que a família interessada em aderir ao programa não pode ter interesse em processo de adoção.
👨👩👦👦 A ideia principal do projeto é minimizar os impactos do abandono, para que a criança volte a saber o que é a convivência familiar.
Logo, a criança ou adolescente passa a morar temporariamente na residência dos voluntários por um tempo determinado — ou até retornar para os pais, algum parente, ou ser adotada por outras pessoas.
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Recebendo a criança
Eliete Helena Porto é aposentada e, junto com a filha Ariane, participa do programa há anos. Mãe e filha já receberam dez crianças, inclusive grupos de irmãos.
Lá, eles recebem amor, carinho, afeto, brinquedos, atenção e tempo de qualidade. Até que possam retornar para a família biológica.
Atualmente, elas acolhem uma bebê de nove meses, que chegou na casa há sete meses. Segundo Eliete, a bebê tinha muita dificuldade de se envolver, receber toques e até mesmo olhar. E, agora, já ganhou confiança até para dormir sozinha.
Ariane ressalta que a presença das crianças ressignifica a vida de todos os envolvidos.
"As crianças são tão extraordinárias que eles conseguem transportar esse amor que eles receberam aqui em casa, que eles entenderam que é a família, para as famílias que eles vão ou quando eles voltam para a família deles", relata Ariane.
Como se tornar uma família acolhedora?
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Reprodução/EPTV
Atualmente, Campinas conta com 2 serviços de acolhimento familiar, o Serviço de Acolhimento e Proteção Especial à Criança e ao Adolescente (Sapeca) e o Conviver.
Veja os passos e principais requisitos podem ser conferidos a seguir:
Passos para se tornar família acolhedora:
Entrar em contato com qualquer dos dois serviços e realizar cadastro (veja abaixo os canais);
Participar de entrevista com a equipe técnica para avaliação;
Caso a família permaneça interessada em participar, deverá comparecer a encontros de formação;
Iniciar o acolhimento.
Requisitos para participar do serviço:
Residir no município de Campinas
Ter maioridade legal
Ter a aceitação de todo o grupo familiar com a proposta de acolhimento
Não apresentar problemas psiquiátricos, de dependência de substância psicoativas e não estar respondendo processo judicial
Ter disponibilidade para participar do processo de habilitação e das atividades do serviço
Não ter interesse em adoção
A secretária de assistência social de Campinas, Vandecleya Moro, ressalta que para receber a criança é necessário passar por avaliação psicológica e a avaliação assistencial, para verificar se a família tem condições de de manter a rotina da criança, ainda que seja por um curto período.
É possível entrar em contato com o Sapeca pelos telefones (19) 3256-6067 e (19) 3256-6335. Os contatos do Conviver são (19) 3772-9699 e (19) 9 9368-1440.
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