Metanol: Unicamp descarta 75 casos suspeitos de intoxicação em SP
09/10/2025
(Foto: Reprodução) Cartilha mostra como identificar bebidas falsificadas
O Centro de Informações Toxicológicas (CIATox) da Unicamp informou que as 75 amostras de pacientes com suspeita de intoxicação por metanol, recebidas na quarta-feira (8), testaram negativo.
A informação foi divulgada nesta quinta (9) por Elaine Cristina de Ataíde, superintendente do Hospital de Clínicas. O material veio de todo o estado, sendo que três eram de Campinas (SP).
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O CIATox vem realizando a testagem desde que os primeiros casos vieram a público. Na terça-feira (7), a superintendente do Hospital de Clínicas da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, detalhou que a capacidade de análise dos casos foi ampliada, com cerca de oito exames por hora.
"São cerca de 190 exames por dia. Cada exame leva, em média, 15 minutos. Esse exame pode tanto ser sangue, quando a ingesta é mais precoce, quanto exame de urina, quando a ingesta é um pouco mais tardia".
Além do CIATox de Campinas, o de Ribeirão Preto (SP) também tem capacidade para realizar cerca de 20 exames por dia.
Unicamp recebeu doses de etanol para tratamento
Nesta terça, o HC da Unicamp recebeu 100 ampolas de etanol farmacêutico, usado como antídoto para tratar casos de intoxicação por metanol. Também chamado de álcool absoluto, ele funciona como alternativa ao fomepizol, que é considerado tratamento de referência internacional, mas que não está disponível no mercado brasileiro.
A substância age como antídoto, porque impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, uma substância ainda mais perigosa. "Nós recebemos 100 dessas ampolas. Cada ampola de álcool absoluto tem 10 ml. O estado de São Paulo disponibilizou 100 e estará disponibilizando mais se necessário", comentou Elaine.
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Casos de intoxicação
Nesta terça (7), o estado de São Paulo confirmou 18 casos de intoxicação por metanol no balanço divulgado pelo governo. Há 158 sendo investigados e 38 casos foram descartados.
176 casos
18 confirmados (há laudo atestando presença de metanol e confirmação de circunstâncias que indicam que a pessoa ingeriu bebida adulterada);
158 em investigação (há indícios clínicos, mas aguardam laudo para confirmar presença de metanol e investigações para entender circunstâncias de eventual ingestão da substância).
10 mortes
3 óbitos confirmados (com laudo e confirmação de ingestão de bebida adulterada);
7 mortes em investigação (sem laudo e sob investigação das circunstâncias).
85 casos descartados após análise clínica
Infográfico explica ação dos antídotos em casos de intoxicação por metanol
Arte/g1
Linhas de investigação
A Polícia de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas "batizadas" com metanol.
Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que acabaram não indo para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar, na produção, o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminado com metanol.
A perícia feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado.
Quais bebidas estão sendo 'batizadas' com metanol?
Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin.
No entanto, especialistas reforçam que, neste momento, nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura. O risco maior, porém, está nos destilados, especialmente os incolores.
De acordo com médicos ouvidos pelo g1, cerveja, vinho e chope apresentam menor vulnerabilidade à adulteração com metanol, principalmente pela forma de produção e envase.
A cerveja em lata é apontada como a opção de menor risco, já que o recipiente é mais difícil de ser adulterado.
Como identificar metanol na bebida?
Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Ele não altera cor, odor ou sabor e só pode ser detectado por testes laboratoriais. Por isso, especialistas o chamam de “substância traiçoeira”.
Autoridades recomendam que consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.
A Abrasel, entidade que representa bares e restaurantes, orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar que falsificadores as reutilizem. Autoridades orientam a população a:
desconfiar de preços muito baixos;
comprar apenas em locais conhecidos;
verificar se as garrafas têm lacre e selo fiscal.
Em caso de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para ajudar na investigação.
Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP)
Reprodução/EPTV
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