Nova espécie de esperança é descoberta na Caatinga e surpreende com espinhos metálicos

  • 02/09/2025
(Foto: Reprodução)
Nova espécie de esperança é descoberta na Caatinga e surpreende com espinhos metálicos Pesquisadores brasileiros acabam de descrever uma nova espécie e até mesmo um novo gênero de esperança, inseto popularmente conhecido como “esperança-pavão”. O achado é inédito: é a primeira vez que um grupo dessa linhagem é registrado na Caatinga, bioma semiárido do Nordeste brasileiro. A nova espécie recebeu o nome científico Metallacantha aculeata, que significa “espinhos metálicos”, e “aculeada – repleta de acúleos” em latim, uma referência às pernas robustas e espinhosas que brilham com aspecto iridescente. Nova espécie e gênero de esperança-pavão é descoberta na Caatinga, bioma semiárido da Bahia Marcos Fianco “É um bicho muito grande, robusto, com espinhos nas pernas que têm um aspecto metálico, por isso o nome. É provavelmente uma das maiores esperanças da Caatinga, muito impressionante de ver”, explica o entomólogo Phillip Engelking, um dos autores da pesquisa. O que torna essa espécie especial? As esperanças-pavão geralmente são conhecidas por exibirem asas posteriores coloridas, com manchas chamadas ocelos, usadas para afastar predadores. Mas a Metallacantha aculeata segue outro caminho evolutivo: Suas asas posteriores são extremamente reduzidas, as menores entre todas as esperanças-pavão conhecidas; Não servem para voar nem para exibir padrões de defesa, como em outras espécies; O mecanismo de defesa principal está nas pernas traseiras, muito robustas e armadas de espinhos metálicos; Produzem um “chiado” para espantar predadores – comportamento único neste grupo de esperanças. O mecanismo de defesa principal da Metallacantha aculeata está nas pernas traseiras, que são robustas e armadas de espinhos metálicos European Journal of Taxonomy Quando ameaçada, a esperança levanta as pernas, expondo os espinhos e tentando parecer maior. “Ela chuta com bastante força, e isso machuca. É um mecanismo de defesa muito eficiente contra predadores”, explica Phillip. Além disso, o inseto produz dois tipos de sons: um chiado (som agonístico), ao raspar o abdômen contra as asas anteriores, e o canto dos machos, que pode ser usado para atrair fêmeas, e também espantar predadores, por meio de estruturas especiais que funcionam como um reco-reco, instrumento musical que também produz som quando é raspado. A nova espécie recebeu o nome científico Metallacantha aculeata, que significa “espinhos metálicos” em latim Marcos Fianco Onde ela vive? Até agora, todos os registros da nova espécie ocorreram no sul da Caatinga, no estado da Bahia, em municípios como Vitória da Conquista, Anagé e Santa Teresinha. Em uma das localidades, a Serra da Jibóia, o bicho também foi encontrado em áreas de transição entre Caatinga e Mata Atlântica. A espécie é noturna e difícil de encontrar. “Ela não voa, tem mobilidade reduzida. Então, dificilmente algum pesquisador conseguiria coleta-la utilizando métodos tradicionais como armadilhas, por exemplo. Só conseguimos coletá-lo em buscas ativas, de noite, com lanternas”, conta Phillip. Na natureza, os pesquisadores observaram a alimentação principalmente em plantas da família Verbenaceae, como a lantana, bastante comum em jardins e paisagismo Samuel Martins Na natureza, os pesquisadores observaram a alimentação principalmente em plantas da família Verbenaceae, como a lantana, bastante comum em jardins e paisagismo. A importância da descoberta A Caatinga é um dos biomas mais negligenciados em pesquisas científicas. A descoberta da Metallacantha aculeata reforça o potencial da região para revelar espécies únicas e endêmicas. “Essa descoberta mostra a importância da preservação da Caatinga. É um bioma com muitas espécies que só existem ali, adaptadas às condições de seca. Descobrir um bicho como esse ajuda a destacar a riqueza e a singularidade do semiárido brasileiro”, avalia o pesquisador. Metallacantha aculeata é um bicho grande, robusto, com espinhos nas pernas que têm um aspecto metálico Phillip Engelking Além do papel ecológico como herbívoro robusto, que serve de alimento para aves e pequenos mamíferos, a espécie pode se tornar uma espécie-bandeira, símbolo de conservação para o bioma. Uma história de ciência colaborativa O achado da Metallacantha aculeata também tem um capítulo especial: a colaboração entre cientistas e a chamada ciência cidadã. Tudo começou quando o jovem Samuel Martins registrou o inseto em Anagé, cidade onde reside, e postou as fotos no iNaturalist, plataforma que conecta cidadãos e pesquisadores. Phillip logo percebeu, pelas imagens, que se tratava de algo inédito Primeiro registro da nova espécie foi feito pelo jovem Samuel Martins em Anagé (BA), cidade onde reside Samuel Martins “Foi muito legal, porque só pela foto já vimos que era um bicho novo, de um gênero novo. Entramos em contato com o Samuel, e ele conseguiu coletar um espécime com a ajuda de seu professor do ensino médio. Ele até entrou como autor do artigo, mesmo sendo muito jovem”, relata. Ao mesmo tempo, outro grupo de cientistas também estudava o inseto, e da mesma maneira, entraram em contato com Samuel pelo registro na plataforma de ciência cidadã. Ambos os grupos optaram por estabelecer uma parceria no desenvolvimento desta pesquisa. A união dos esforços resultou em um artigo robusto, publicado em 2025, descrevendo o novo gênero e espécie, sua morfologia, sons, comportamento e distribuição. Um gigante verde da Caatinga Com seu porte robusto, pernas armadas e som característico, a Metallacantha aculeata é um verdadeiro destaque da biodiversidade brasileira. “É um bicho icônico, muito carismático. Todo mundo que vê fica boquiaberto. Além da importância científica, pode servir de símbolo para valorizar a Caatinga, um bioma tão único e ainda pouco estudado”, conclui Phillip. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/terra-da-gente/noticia/2025/09/02/nova-especie-de-esperanca-e-descoberta-na-caatinga-e-surpreende-com-espinhos-metalicos.ghtml


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