Represamento, exames e envelhecimento: o que explica alta de atendimentos por câncer de tireoide na região de Campinas

  • 13/10/2025
(Foto: Reprodução)
Cresce número de atendimentos por câncer de tireoide em 2024 no estado de São Paulo Os atendimentos por câncer de tireoide no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas cresceram 321% em 2024, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Foram 539 registros, contra 128 em 2023. As internações também aumentaram, mas em ritmo menor. Foram 179 em 2021, 223 em 2022, 210 em 2023 e 314 em 2024, o que representa um crescimento de 49,5%. De janeiro a junho de 2025, a região de Campinas registrou 133 internações. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Segundo a professora Laura Sterian Ward, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, os dados se referem a atendimentos por suspeita de câncer de tireoide, e não necessariamente a casos confirmados. Ela aponta três fatores principais para o aumento: Envelhecimento da população: nódulos na tireoide, sejam benignos ou malignos, tendem a surgir com o avanço da idade. Melhor acesso ao diagnóstico: exames como o ultrassom estão mais disponíveis e conseguem identificar tumores muito pequenos. Represamento causado pela pandemia: muitos pacientes deixaram de buscar atendimento nos últimos anos e agora estão procurando diagnóstico e tratamento. Apesar do crescimento expressivo nos atendimentos, a maioria dos nódulos é benigna e não exige cirurgia, o que explica o aumento mais discreto nas internações. “Cânceres pequenos, únicos e sem extensão para os gânglios podem ser tratados com vigilância ativa, ou seja, sem cirurgia”, explica a docente. Ward também destaca o papel dos testes moleculares, que ajudam a identificar com maior precisão se um nódulo é maligno ou não. “Cerca de um terço dos nódulos têm citologia indeterminada após a biópsia. Muitos desses acabam sendo operados, mas 75% são benignos. Se tivéssemos acesso aos testes moleculares, que ainda não são cobertos pelo SUS, poderíamos evitar muitas cirurgias desnecessárias”, afirma. LEIA TAMBÉM Câncer de tireoide é menos agressivo que outros; entenda Saiba por que Campinas bateu recorde de atendimentos em saúde mental em uma década Desigualdade no acesso a terapias modernas Em artigo publicado na revista Nature Reviews Endocrinology, a professora aponta que países de baixa e média renda enfrentam dificuldades para acessar tecnologias básicas no tratamento desse tipo de câncer, enquanto nações mais ricas lidam com o excesso de diagnósticos e intervenções desnecessárias. “A popularização de ultrassonografias de alta resolução levou à descoberta de um número cada vez maior de nódulos, muitos deles pequenos e de baixo risco (microcarcinomas papilíferos), que provavelmente nunca causariam sintomas. Esta 'epidemia de diagnóstico', frequentemente, resulta em cirurgias desnecessárias e tratamentos agressivos”, discute a docente. O trabalho foi escrito em conjunto com o o professor Lucas Leite Cunha, da Unifesp. Eles explicam que o avanço tecnológico, especialmente com o uso disseminado de ultrassonografias de alta resolução, tem levado à identificação de microcarcinomas papilíferos de baixo risco, que muitas vezes não causariam sintomas nem colocariam a vida do paciente em risco. O artigo destaca que o tratamento do câncer de tireoide evoluiu para uma medicina de precisão, com uso de inteligência artificial, perfil genético e técnicas minimamente invasivas. A solução para casos de baixo risco pode estar na vigilância ativa e em ablação por radiofrequência ou laser, alternativas à cirurgia. Represamento, exames e envelhecimento: o que explica alta de atendimentos por câncer de tireoide na região de Campinas Reprodução EPTV VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/13/represamento-exames-e-envelhecimento-o-que-explica-alta-de-atendimentos-por-cancer-de-tireoide-na-regiao-de-campinas.ghtml


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